domingo, 31 de outubro de 2010

Egito, o país das gorjetas

Conhecer o Egito sempre esteve no topo da minha lista de lugares a serem visitados, mas lia tantos comentários negativos e dificuldades que acabava desistindo.
De fato, grande parte da população que se relaciona com o turista possui um caráter terrível. Eles querem tirar o seu dinheiro de qualquer maneira e acham que a gorjeta faz parte do pagamento pelo serviço prestado.
O taxista vai te enrolar para você pagar mais caro, o guia turístico gastará o maior tempo possível nas lojas de artigos diversos ao invés de te levar aos locais turísticos. Vão te empurrar passeio de camelo, charrete, cavalo ou qualquer coisa do tipo. Outros oferecerão um passeio barato, para ir, mas para voltar você terá que pagar uma fortuna.
Quando alguém abre a carteira eles esticam o pescoço de uma tal forma que conseguem contar todo o dinheiro em menos de 2 segundos.
Você passa o dia todo apreensivo, preocupado e desconfiado de todo e qualquer egípcio que se aproxime. Quase todos os turistas que conheci foram lesados de alguma maneira e saíram do Egito insatisfeitos.
Eu saí exausta de passar cada segundo desconfiando de que alguém iria tentar me enrolar.
O pior é saber que este é um problema dos países em desenvolvimento, inclusive o Brasil e o problema é que só existem perdas com este tipo de comportamento.

Apesar de tudo, navegar no Rio Nilo, ver o nascer e o por do sol e poder ver de perto tantas construções grandiosas é algo indescritível. Além disso, existem pessoas corretas que prestam um serviço profissional.

Imigração
O aeroporto do Cairo é desorganizado e bagunçado. O visto é obtido na hora, mas antes de passar pela imigração é necessário comprar um selo que custa U$ 15,00. Não existe nenhuma informação, mas as casas de câmbio que ficam dentro da área de trânsito internacional vendem o selo.
Ao passar pelo controle de imigração o funcionário só carimbou o passaporte sem abrir a boca.

Transporte do Aeroporto para o Hostel
Li tantos conselhos para não pegar um taxi do aeroporto que combinei antecipadamente um motorista para me levar.

Hospedagem
No Cairo me hospedei no Dina's Hostel que fica localizado no centro. Fica há uns 10 minutos de caminhada de uma estação de metrô, uns 15 a 20 minutos do Museu do Cairo.
O prédio é super antigo, no estilo dos prédios que encontramos aqui no centro de São Paulo, com elevador de madeira e porta de ferro que você mesmo precisa fechar e quando ele começa a subir ou descer você tem que ir torcendo para ele não despencar.
O hostel ocupa o quinto andar do prédio e possui apenas 2 banheiros, que pode ser um problema na alta temporada.
Os quartos são amplos e os beliches são de madeira resistente, mas os colchões estavam cedendo e não possui ar condicionado.
Uma das noites estava tão quente e abafada que o ventilador estava em cima de mim e eu continuei suando e não consegui dormir.
O café da manhã está incluído, mas é bem simples.
Os funcionários que trabalham à noite quase não falam inglês, mas a Dina, a dona do hostel, é bastante profissional. Ela faz a diferença.

Metrô
O metrô possui poucas linhas e, diferente do que eu havia lido antes da viagem, pode ser utilizado por turistas sem nenhum problema, inclusive o nome das estações estão escritas em árabe e em letras romanas, o que facilitou muito.
A passagem é extremamente barata, custa apenas 1 libra egípcia (em torno de R$ 0,35). Existem 2 ou 3 vagões só para mulheres.

Cairo
O centro do Cairo é uma mistura da Av. São João, com seus prédios antigos, e a R. 25 de Março e a José Paulino, repletas de lojas e camelôs. Possui o trânsito mais confuso que já vi em toda a minha vida. São raros os faróis que funcionam e alguns cruzamentos são controlados por guardas, que até são respeitados. Os pedestres atravessam em qualquer lugar e no meio dos carros que buzinam sem parar, fecham os outros carros, mudam de faixa sem dar seta.
Grande parte da população é muçulmana. A maioria das mulheres usam véu e roupa de manga comprida, mas casais andam de mãos dadas, alguns até abraçados.
As Pirâmides
Para conhecer as pirâmides de Guiza (ou Gizé) pegue o metrô até a estação EL Guiza e depois ande por uns 20 minutos (o que pode ser bem cansativo no sol escaldante). Se tiver estômago, pegue um taxi. Mesmo cobrando um valor maior, será barato. Outra opção é contratar um motorista. Algumas agências conseguem entrar com os veículos dentro do parque e estacionam ao lado das grandes pirâmides.
Muitos falam que é perigoso andar sozinho pelas pirâmides, mas não tem problema nenhum. Não contrate um guia. São inúteis e para piorar só atrapalham.
Não é necessário andar de camelo, dá para conhecer tudo a pé. Leve um bom protetor solar, uma sombrinha ou um chapéu e estará suficientemente protegido. Se tiver boa disposição conseguirá chegar até os pontos mais distantes que dão uma visão mais ampla de várias pirâmides de uma só vez.

Alimentação
A alimentação no Egito é barata. Se você está acostumado a comida árabe servidas no Habib's não passará fome (fica bem longe da qualidade de um Almanara).
Para os mais carnívoros, servem sanduíches a base de carne de carneiro, semelhante ao churrasquinho grego servido no centro de São Paulo.
Na aparência, tudo parece muito sujo. Acho que eles nunca ouviram falar de vigilância sanitária. Então, feche os olhos e imagine que tudo seja bem limpo. Felizmente não tive nenhum problema intestinal, então, talvez eu esteja realmente exagerando.

Trem noturno para longas distâncias
Há diversos trens que saem do Cairo ou de Alexandria e vão até Aswan, passando por Luxor. O tempo de viagem do Cairo até Aswan pode variar de 12 a 15 horas.
A opção mais confortável, porém mais cara é o trem da empresa Abela Egypt. A cabine dupla tem 2 camas. Os trens não são de última geração, mas eu achei que valeu a pena, pois passei uma noite inteira viajando e cheguei bem descansada.
O jantar e o café da manhã estão incluídos, mas o jantar da ida e da volta tinham coisas estragadas. E até lá o atendente quer tirar vantagem dos turistas. Vende água batizada, isto é, reaproveitam as garrafas já usadas.

Cruzeiro pelo Rio Nilo
As embarcações
Os barcos são vendidos como navios 5 estrelas, mas acho que perderam 2 estrelas no meio do Rio Nilo. Mesmo assim tem piscina e o quarto é confortável com TV, ar condicionado, banheiro e todas as refeições estão incluídas.
Existem diversas empresas que oferecem o cruzeiro de 2 até 5 noites. Eu fiquei com a sensação de que a rede Sonesta seja uma das melhores opções.
O meu barco era mais antigo. O ar condicionado não funcionou direito e o restaurante tinha um serviço militar. As cadeiras eram grandes demais para as mesas e os funcionários nos obrigavam a sentar sempre no mesmo lugar. Várias mesas estavam vazias e a minha mesa estava lotada. Nós todos comíamos encolhidos como se estivéssemos no setor econômico de um avião. Se você tentasse mudar de lugar, vinha um funcionário de mandando sair e voltar para a sua mesa original. Era uma piada!
Para quem quiser economizar as felucas são bem mais simples, menores e portanto mais baratas.

Não há muito rio para se percorrer entre Aswan e Luxor, por isso, se passar mais de 2 noites no barco, com certeza passsará o restante do tempo atracado em algum cais.
O meu pacote foi de 3 noites, mas eu aconselho a fazer o seguinte: ficar 2 noites no barco, saindo de Aswan. Chegando em Luxor, faça a transferência para um hotel mais ao centro e fique por pelo menos 2 noites. Alguns barcos atracam numa região que fica a uns 4 km do centro. A cidade é bem movimentada e há diversas opções de hospedagem.

O Nilo e as Construções Faraônicas
Foi a melhor parte da viagem no Egito. Em Aswan fui a ilha Elefantini que tem um velho museu. É um passeio rápido e feito no período da manhã para matar o tempo. Logo depois do almoço uma van te leva para conhecer a represa (high dam) que nada mais é do que parar o carro por uns 10 minutos numa ponte e apreciar a vista do alto. Em seguida, visita-se o Templo de Philae (Felaya Temple) no final de tarde.
No dia seguinte de madrugada, por volta das 4 horas, a van passa para pegar os hóspedes nos hotéis e barcos. Os veículos formam um comboio para depois pegar a estrada para o sul do Egito, quase fronteira com o Sudão (antiga Núbia), até os templos de Abu Simbel no Lago Nasser. São 3 horas de viagem. Uma hora e meia de visita é tempo suficiente para conhecer os 2 templos e dependendo do horário o sol é tão quente e o interior dos templos abafados que as pessoas não aguentam muito.
Nota: É um passeio imperdível, mas nem sempre está incluído no pacote. Se não estiver, contrate!
No final da tarde, por volta das 16 horas do 2o. dia o Barco começou a descer o Rio Nilo em direção a Luxor. Por volta das 19 horas o barco atracou ao lado do Templo de Kom-Ombo onde fizemos uma rápida visita ao templo. O barco seguiu na mesma noite até a cidade de Edfu.
A visita ao templo de Edfu foi realizada no dia seguinte pela manhã, indo de charrete até o local. O período da tarde foi navegando pelo Nilo até a cidade de Luxor onde o barco atracou no final da tarde.
O 4o. e último dia do cruzeiro foi o mais corrido. Logo pela manhã depois do check-out no barco nos levaram de van para o Vale dos Reis, Vale das Rainhas, uma paradinha para fotos no Colosso de Memnon e Visita ao Templo da Rainha Hatshepsut.
O almoço foi em um restaurante a beira do Nilo, sem opção de escolha.
A tarde, visita ao espetacular Templo de Karnak e por fim o Templo de Luxor.
Por volta das 20horas o motorista me deixou em um hotel, onde fiquei aguardando no saguão até as 21:30 horas quando me levaram a estação de trem.

Custos
Além dos gastos já previstos com passagem, hospedagem e alimentação (quando não incluída), você paga para entrar nos templos, pirâmides e outras atrações.
Estudantes que portarem a carteirinha internacional, pelo menos, pagam metade do preço.
No Vale dos Reis a entrada dá direito a entrar em 3 tumbas, mas para visitar a tumba de Tutankamon paga-se um valor adicional.
Por fim, não se esqueça das gorjetas. O guia turístico, o motorista, a equipe do barco e até o agente de viagem (um carinha que aparece de vez em quando no barco para te dizer o que vai acontecer) esperam uma grana extra.

2 comentários:

amj disse...

oi Ana li seu depoimento sobre sua viajem para o Egito
fiquei assustado eu estou me preparando para fazer esta viajem
em setembro ou outubro ,só que vou sem agencia de turismo
vou como muchileiro mesmo. quero marcar o hotel da qui mesmo
próximo das piramides, e tirar muitas fotos, penso em ficar uns
2 ou 3 dias no máximo. agora a comida como você relatou já
me deixou com o estomago embrulhado

um abraço tudo de bom valeu pelo seu post

Ana Paula disse...

Oi AMJ, caso você leia a minha resposta, no final das contas, não é muito diferente do que os turistas enfrentam aqui no Brasil (infelizmente). É só ficar ligado e realmente ir andando do metrô até as pirâmides e contratar um taxi, (previamente combinado o valor e vc só deve pagar no final da viagem) para ver as outras pirâmides que ficam um pouco mais distantes - vale a pena ir.
Se puder faça o cruzeiro no Rio Nilo. É maravilhoso!